Eletrofunk Brasil: O Som do Milênio. Com esta chamada, começava todo e qualquer clipe da coletiva Curitibana centrada ao redor do empresário e produtor
Alexandre Alves. Com um passado trabalhando como repassador de shows internacionais para atos como Bezerra da Silva e Grupo Revelação, além de envolvido na produção do
Baú do Raul de 2004, Alexandre descobriu um grande amor pelo
Funk Melody (Subgênero do
Miami Bass que é considerado o grande responsável pelo surgimento do Funk no Brasil) nos anos 90.
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Alexandre Alves com as Mc's Mayara (grávida de sua filha Manu), DZ e Mercenária. |
No começo dos anos 2000, Alexandre se muda para o paraná e se depara com as primeiras manifestações do que seria o Eletrofunk. Com o passar da década, a cena eletrônica que já estava em alta no sul do país começa a disputar espaço com a crescente popularidade do funk carioca e, eventualmente, do funk ostentação paulista. Alves conhece o produtor
Shayder, que mescla o funk à batida eletrônica. Juntos, estes produziriam grandes hits do gênero, que teve sua alta de 2012 até o fim de 2015. O grande diferencial do Eletrofunk, além da estética sonora, vinha não só de sua cultura de rolês com som automotivo herdada da eletrônica, como da intenção de escrever letras menos explicitas e mais descontraídas, ainda que recheadas de ambiguidade.
Vale ressaltar que a dupla Alexandre e Shayder não inventou o Eletrofunk (este título talvez seja melhor atribuído ao
Dj Cléber Mix);o que Alexandre e Shayder fizeram, definitivamente, foi polir e popularizar muito o novo gênero, a ponto de artistas de fora do eixo Sul, como a carioca
Deisi dos Santos, ou DZ Mc's, demonstrarem interesse e pularem de cabeça no movimento. Surge o primeiro sucesso:
Não Dá Mais, da própria DZ, versão abrasileirada de Stereo Love de Edward Maya. Aparecem então uma nova onda de artistas curitibanos. Uma jovem
Mayara Juliana de Souza, de 17 anos, descobre o eletrofunk por meio dos sucessos regionais da DZ produzidos pela dupla Shayder e Alves que a este ponto já estouram nas baladas curitibanas. A aspirante consegue o contato de Alexandre e vira artista, estreando como Mc Mayara uma sequência de videoclipes de sucesso. Desta safra surgiram
Aquecimento da Mayara,
Minha Primeira Vez,
Ela é Bandida (melhor conhecida como "Ai como eu tô bandida"), que já estabeleceram a jovem de Colombo, PR como a figura principal do Eletrofunk. No ano seguinte, viria a icônica
Teoria da Branca de Neve, maior sucesso de Mayara e talvez o maior sucesso que o gênero já alcançou.
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Mc Siri dançando com um avestruz no
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Em 2012, também despontariam duas figuras masculinas importantíssimas para compreender o Eletrofunk: os Mc's
Siri e
Edy Lemond.
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Mc Siri com sua super-roupa no clipe
de Quero Você |
Edy dispensa
apresentações. Foi por meio de sua faixa
Pensando em Você de 2012 que eu e muitos outros ratos da internet brasileira descobrimos não só o artista como todo o movimento do Eletrofunk.
Madagascar, de 2014, é até hoje seu maior sucesso, com uma coreografia mais sabida que a letra de Evidências no cérebro do universitário brasileiro. Já o Mc Siri, além de sósia do Snoop Dogg, é na minha opinião a figura mais injustiçada dessa história toda, sendo o artista mais engraçado da coletiva e o autor do meu eletrofunk preferido, a brilhante
Litorando. Foi ao pesquisar sobre Mc Siri e Edy que percebi que algo não estava certo no mundo do canal Eletrofunk Brasil. O que já tinha sido um quarteto fantástico de DZ, Mayara, Siri e Edy foi descontinuado, com uma série de clipes apagados do canal. Em seu documentário
Na Batida do Eletrofunk, de 2015, Alexandre Alves não chega nem a mencionar o nome de seus outrora colegas de trabalho, muito menos do já citado Dj Cléber Mix, grande responsável pela criação e disseminação da estética do Eletrofunk. Em uma entrevista, Mc Siri menciona problemas com um "antigo empresário", este sendo Alexandre, que hoje dificultam o contato de Siri e Edy com Mayara e DZ. Hoje, se visitarmos a página ou o canal oficiais do Eletrofunk Brasil, somos expostos a novos artistas na ribalta, como a dupla (brutalmente tatuada, por algum motivo)
Guino e Stif e a rapper e cantora
Thiala Arlequina (possivelmente a única representante dos
Juggalos no Brasil), mas ninguém fora do sul ainda está acompanhando a evolução do gênero.
Pouco se sabe do que aconteceu para esta equipe vencedora se desbandar, mas valeu para registrar para o Brasil não só o gênero do Eletrofunk, mas também
toda a cultura do chamado som automotivo ao seu redor. Cultura esta que, com um pé no caipira e sertanejo, com outro no funk e com a cabeça na música eletrônica, foi a grande responsável por DZ, Siri, Edy e Mayara. Para finalizar, vale assistir o reupload do
Especial de Natal, gravado pelo quarteto em 2012, que consegue ser fofo, ridículo e religioso tudo de uma vez.
Só o Paraná pra inventar um negócio desses.
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O "Quarteto Lendário": Siri, Mayara, Edy e DZ |
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O produtor Shayder D'One,
principal produtor da Mc Mayara |
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Dj Cleber Mix, tido como o inventor do Eletrofunk |